Tem dia que tudo o que eu queria era ver um filme no meio da tarde.
Só que… não dá.
Aí eu lembro de quando, em 2011, estava na faculdade de cinema e consegui um estágio no Festival Internacional de Curtas de São Paulo
Foi ali, no meio de sessões lotadas e roteiros de 5 minutos, que algo em mim virou uma chave.
Até então, eu carregava aquela ideia equivocada (e bem comum) de que um curta-metragem era tipo um filme que não deu tempo de terminar. Um rascunho. Um treino pro longa.
Mas foi no festival que entendi: o curta é uma linguagem própria.
Num curta, tudo precisa fazer sentido. Não tem espaço pra enrolação. E, talvez justamente por isso, precise ser tão preciso.
No começo, parece que limitar o tempo atrapalha, né? Que vai travar tudo.
Mas, na real, é o contrário: quando a gente tem pouco espaço, é obrigado a ir direto ao ponto. E isso, em vez de engessar, liberta.
Faz a gente escolher melhor, cortar o que não precisa, focar no que realmente importa. Criar com pouco, às vezes, faz a ideia brilhar mais.
A gente aprende a fazer muito com pouco e isso vale pra todo mundo: quem escreve, quem dirige, quem edita… e até pra quem só assiste.
Um curta é tipo uma cápsula de inspiração.
É como se você apertasse “pausa” no mundo, só por 5 minutos — e, nesse intervalo, alguém te contasse uma história que faz você lembrar porque gosta de criar.
No intervalo do almoço, enquanto espera o cliente responder, antes de dormir.
A gente passa tanto tempo vendo vídeo no TikTok, Reels, ouvindo notícias, consumindo mil conteúdos por dia… e acaba esquecendo que tem formas mais leves (e muito mais profundas) de se inspirar.
Até hoje eu tenho uma pastinha no computador com os curtas meus favoritos.
E volta e meia eu volto pra eles. Não só como inspiração pro trabalho, mas como um jeito de me reconectar com a criatividade.
Aliás, tenho um carinho especial pelos da Pixar (tem cada coisa linda no Disney+). E um dos meus sonhos é criar um curta em stop motion. Uma história minha, com a minha linguagem.
Não precisa ser grandioso. Mas precisa ser sincero.
E até esse sonho se realizar, sigo nesse compromisso: me alimentar de histórias curtas, potentes e cheias de alma.
Se você nunca se deu esse tempo, fica aqui o convite: que tal trocar 5 minutinhos de scroll por um curta que realmente mexa com você?
Muito além da xepa
→ esse espaço é pra compartilhar coisas incríveis que me inspiraram e que, com certeza, vão te inspirar também.
Hoje quero te indicar dois curtas que moram no meu coração. E o mais curioso: os dois se chamam Lost and Found — mas são totalmente diferentes.
Um é em live action, o outro é feito em stop motion. E ambos são exemplos lindos de como uma história curtinha pode dizer tanto.
Lost and Found Shop (live action)
A história gira em torno de uma garotinha que entra numa loja misteriosa — e dali pra frente, tudo muda. A foto é linda, o clima é envolvente, e o final deixa aquele silêncio gostoso de quem acabou de sentir algo bom.
Esse aqui… ai. Um curta de animação com personagens de crochê (sim!). E sem uma palavra sequer, ele consegue contar uma história de amor, sacrifício e entrega que é de dar nó na garganta. Tudo é feito à mão, com muita delicadeza.
Se você também tem um curta que marcou sua vida, me conta.
Adoro descobrir essas histórias pequeninas que mexem grandão com a gente.
Um beijo, até a próxima feira!
Carol da Maria Marcolina